Na busca por petróleo, fôlego de Caracas parece cada vez menor
segunda-feira, maio 03, 2010 | Author: Blog da redação
Por Roberto Lopes

O jornal venezuelano “El Nuevo País” anunciou ontem (domingo, 2 de maio), que o grupo empresarial brasileiro Odebrecht vai explorar petróleo em quatro campos do território do Estado de Zulia, que totalizam uma área de 384 quilômetros quadrados.
A concessão foi feita após a direção da Odebrecht pagar cerca de 50 milhões de dólares ao governo venezuelano, a título de sinal dos investimentos que pretende fazer no projeto – que não teve seu montante geral revelado.
A notícia surge exatas duas semanas depois de uma outra, que informou sobre uma pouco usual oferta feita pelo ministro da Energia e do Petróleo da Venezuela, para que empresas americanas realizem sondagens em uma faixa de terra a partir da margem norte do rio Orinoco, na região central de seu país.
Analistas europeus avaliam que tais informações são sinais evidentes de que a empresa estatal venezuelana do petróleo, PDVSA, está sem fôlego financeiro para manter seus programas de investimento, dentro e fora do país.
Este mês vão se completar cinco anos desde que o presidente Hugo Chávez anunciou sua disposição de investir 2 bilhões de dólares na Refinaria Abreu Lima, na área do porto pernambucano de Suape.
Os venezuelanos estão atrasados no desembolso da primeira parcela, de 490 milhões de dólares, e o início do funcionamento da refinaria – que vem sendo questionado pelo Tribunal de Contas da União – já mudou duas vezes: de agosto de 2010 para março de 2011 e, mais recentemente, para julho de 2011. O complexo Abreu Lima será composto de duas grandes refinarias. A primeira unidade deve empregar cerca de 17 mil trabalhadores e, quando estiver pronta, se concentrar na produção (70%) de óleo diesel.
Antes da crise financeira internacional que eclodiu entre fins de 2008 e o início de 2009, a Venezuela anunciara planos de investimento em terminais petroquímicos na Nicarágua e no litoral norte do Equador. O projeto nicaragüense, batizado de “Sonho Supremo de Bolívar”, ainda recebeu um aporte de 250 milhões de dólares dos bolivianos, mas os dois programas estão, hoje, com seus cronogramas completamente atrasados.
Semana passada, durante uma visita a Brasília, o presidente Chávez reiterou o compromisso de seu governo com a instalação de Abreu Lima.
O Departamento de Estado americano vê, contudo, com cautela a oferta feita por Caracas a empresas americanas interessadas em investir na área do Orinoco. Em conversas privadas, a advertência que a diplomacia dos Estados Unidos faz, é de que não há, na Venezuela da atualidade, a menor garantia de que contratos feitos pela PDVSA com parceiros estrangeiros venham a ser respeitados.
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