Chegam as providências. Três anos após a tragédia...
segunda-feira, agosto 17, 2009 | Author: Blog da redação
Roberto Lopes

Exatos 35 meses depois de um Boeing da empresa aérea Gol ter colidido no ar com um jato particular Legacy, no norte de Mato Grosso – choque que derrubou o jato da Gol e matou 154 passageiros -, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) do Comando da Aeronáutica, em breve comunicado, anunciou, para o período de 2010 a 2016, a instalação no país de 61 novos radares de vigilância aérea.
Na época do acidente, um grupo de controladores de vôo da Força Aérea Brasileira denunciou a existência de uma “zona de sombra” – área não coberta por radares – no corredor aéreo entre Brasília e Manaus (AM), insinuando que isso teria contribuído para o fato de o monitoramento em terra não ter avisado os pilotos do Boeing sobre a presença do Legacy em rota de colisão. As mesmas denúncias apontaram o uso de radares antiquados e que forneciam informações imprecisas aos controladores. O Comando da Aeronáutica negou as duas informações.
A queda do Boeing da Gol, e o acidente com um Airbus da TAM ao pousar no Aeroporto Internacional de Congonhas (SP), nove meses depois, rebaixaram os níveis de confiança da comunidade aeronáutica internacional no tráfego aéreo brasileiro.
A notícia que o Decea divulgou na primeira semana deste mês não informa em que pontos do território nacional serão montados os novos radares, mas admite: sua aquisição acontece “em atendimento ao Conceito Operacional de Gerenciamento de Tráfego Aéreo, documento que traduz a Concepção Brasileira para a continuidade da implantação do Conceito Operacional ATM Global (Air Traffic Management) da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI)”.
Serão adquiridos 12 radares primários bidimensionais de longo alcance – para o monitoramento de rotas aéreas -, dois primários bidimensionais de curto alcance – para monitorar a aproximação de aeronaves em terminais aeroportuários -, 14 radares primários tridimensionais fixos; três radares secundários transportáveis e 30 radares secundários fixos.
Um ano atrás, auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) feita para avaliar a situação do tráfego aéreo no País constatou falhas graves e riscos no sistema de visualização do radar X-4000, utilizado pelo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo 4 (Cindacta 4), sediado na periferia da capital amazonense.
Segundo essa avaliação, as falhas podem comprometer a segurança de vôo no Amazonas e demais estados da Amazônia. De acordo com o relatório do TCU, foram constatados problemas de segurança, manutenção, funcionalidades, treinamento de usuários e plano de contingência para o X-4000, um software que integra o sistema do Decea.
Dentre as falhas encontradas no Cindacta 4, estão as variações indevidas de direção, altitude ou velocidade apresentadas pelo equipamento, o que, segundo o TCU, podem gerar comunicados de instruções incorretas por parte dos pilotos, o acionamento indevido de alarme anticolisão ou até mesmo situações de risco real para a operação, uma vez que as separações entre aeronaves serão providas com base em informações incorretas.
Outro problema, segundo o relatório, são as falhas na detecção de aeronaves em áreas com cobertura de radar, que impedem a prestação do serviço de vigilância na Amazônia. De acordo com os técnicos do TCU, se a aeronave não fizer contato com o órgão de controle, a situação se torna mais grave, pois não há como prover a separação das outras aeronaves com essa não detectada.
Apesar do Decea garantir que, acima dos 20.000 pés de altitude, a cobertura radar no Brasil é de 100%, o tribunal afirmou que evidenciou-se, que a cobertura radar abaixo dos 20.000 pés é deficiente em alguns pontos de movimento relevante, como nas regiões de Altamira (PA) e Parintins (369 quilômetros a leste de Manaus).