Cartão-postal do Rio de Janeiro ganha obra científica sobre aspectos geoambientais
quinta-feira, setembro 27, 2012 | Author: Blog da redação

Editora Interciência lança nova versão, em dois volumes, de livro sobre símbolo do Rio de Janeiro: a Baía de Guanabara.

Após 10 anos da publicação do livro original Baía de Guanabara e Ecossistemas periféricos - Homem e Natureza, está sendo lançada uma nova versão revisada, ampliada e atualizada em dois volumes. Na primeira obra da Editora Interciência, Bacia da Baía de Guanabara: Características Geoambientais, Formação e Ecossistemas, o autor Elmo da Silva Amador retrata os principais aspectos geográficos deste símbolo do Rio de Janeiro.
Memória viva de Elmo Amador, o livro é um grande legado deixado pelo ponto de vista geológico-ambiental sobre a sua grande paixão: a Baía de Guanabara. Retomando estudos pioneiros de Hartt (1870), Backheuser (1918), Ruellan (1944) e Lamego (1948), o autor construiu a obra baseada em pesquisas realizadas desde o final da década de 1960. Inicialmente, os trabalhos foram produzidos referentes aos depósitos continentais encontrados no fundo da bacia.
No início da década de 1970, as praias fósseis da Baía de Guanabara foram objetos de análise por Elmo Amador. No ano de 1975, o autor realizou estudos sobre os sedimentos no fundo da bacia, revelando uma relação nas taxas de assoreamentos com ações antrópicas. Devido a essa descoberta, tornou-se impossível entender o quadro ambiental sem uma pesquisa da ocupação histórica. Em 1997 o autor defendeu sua tese de doutorado sobre a Baía de Guanabara na Geografia da UFRJ.
O livro objetiva a integração, a sistematização, a atualização desses estudos que vêm sendo produzidos na Bacia contribuinte da baía de Guanabara. Visa retomar a visão holistica, em um esforço de horizontalização e uma tentativa de resgate da abordagem geográfica global. A Baía de Guanabara foi escolhida como objeto de estudos, por ser emblemática e uma genuína representante dos frágeis e produtivos ecossistemas costeiros tropicais que foram submetidos a uma rápida degradação ambiental e social.
O primeiro capítulo de Bacia da Baía de Guanabara dedica-se aos aspectos relacionados à geologia, geomorfologia, hidrografia, clima e outras características geoambientais do local. No segundo capítulo são reconstituídos os cenários paleogeográficos mais significativos do processo de evolução da baía. No terceiro, o autor conceitua, classifica e caracteriza ecologicamente todos os ecossistemas encontrados na região. Ao final do livro, Elmo Amador relata uma breve história da ocupação humana e analisa as ocupações pré históricas da Guanabara.
O autor:
Elmo da Silva Amador nasceu em 22/08/1943 em Itajaí-SC, e morou no Rio de Janeiro desde 1950. Geógrafo, Mestre e Doutor em Ciências pela UFRJ. Professor do IGEO - UFRJ, onde atuou na graduação e pós-graduação dos cursos de Geografia e Geologia. Ocupou diversos cargos públicos, entre os quais: Diretor do Instituto de Geociências da UFRJ; Diretor da FEEMA, Vice-Diretor da ADUFRJ; e Vice-Presidente da AGB-RJ. Também chefiou o Laboratório de Sedimentologia da Geologia UFRJ onde desenvolveu pesquisas desde 70, relacionadas à Geologia do Quaternário, Baía de Guanabara, ambientes costeiros e meio ambiente.
Como resultado de suas pesquisas e militância política-ambiental foram obtidas importantes vitórias para a Baía de Guanabara, entre as quais: a Criação da APA de Guapimirim; inclusão da Baía de Guanabara na Constituição Estadual como APP de Relevante Interesse Ecológico; declaração da Baía de Guanabara como Patrimônio da Humanidade na Rio-92; tombamento da orla de Botafogo e inclusão do assoreamento como problema ambiental da baía. Elmo Amador faleceu em 30 de junho de 2010 no Rio de Janeiro.

Ficha técnica
BACIA DA BAÍA DE GUANABARA - Características Geoambientais Formação e Ecossistemas
Autor: Elmo da Silva Amador
Editora: Interciência
Ano: 2012
Edição: 1ª
Número de páginas: 432
Formato: 18x25cm
ISBN: 9788571932609
Pesquisadores da USP participam de projeto que fará mapa do Universo com alta precisão
quarta-feira, setembro 19, 2012 | Author: Blog da redação

Por Júlio Bernardes / Agência USP de Notícias
Pesquisadores da USP participam do projeto internacional Javalambre Physics of the accelerating Universe Astrophysical Survey (J-PAS), que produzirá mapas tridimensionais indicando com alta precisão a localização de galáxias, quasares e outros objetos no Universo. Coordenado por instituições do Brasil e da Espanha, o projeto deve concluir em dois anos a instalação de um novo observatório astronômico situado na Espanha, e dotado de telescópio com câmera de altíssima resolução, que por 5 anos fará um mapamento do Cosmos. Os investimentos são de aproximadamente US$ 40 milhões. Os mapas serão usados no estudo da estrutura da energia escura e da matéria escura, e em questões ligadas à expansão acelerada do Universo.
“Um dos grandes problemas atuais da astrofísica e da cosmologia é que o Universo está se expandindo aceleradamente. Além disso, não sabemos do que é feita a maior fração da matéria e energia do Universo”, afirma o professor Raul Abramo, do Instituto de Física (IF) da USP, que integra o projeto. “Para que os nossos conhecimentos avancem, serão necessários grandes mapas tridimensionais do Universo, que só podem ser feitos detectando-se galáxias em um volume muito grande. Isso só é possível quando mapeamos vastas áreas do céu em telescópios dedicados como o do J-PAS.”
O objetivo principal do projeto é estudar a natureza da energia e da matéria escura. A energia escura é, acreditam os cientistas, a responsável pela expansão acelerada do Universo. “O telescópio vai observar dezenas de milhares de galáxias e determinar sua posição com alta precisão”, diz o professor. “O mesmo será feito com os quasares, considerados os objetos mais brilhantes do Universo, que são o resultado de discos de matéria girando em torno de buracos negros supermassivos em galáxias distantes. Também seremos capazes de detectar milhares de supernovas, que são explosões de estrelas cujo brilho pode ser maior do que o de uma galáxia inteira.”
Abramo aponta que as supernovas apontaram os primeiros indícios da expansão acelerada do Universo em 1998, descoberta que rendeu o Prêmio Nobel de Física de 2011 aos norte-americanos Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess. “No caso do J-PAS, o mapeamento servirá não apenas para estudar como se dá essa expansão, mas também para verificar se a força gravitacional de fato atua da maneira prevista pela Teoria da Relatividade Geral de Einstein”, observa.

Telescópio

O observatório será instalado na Espanha, na Serra de Javalambre, próxima à cidade de Teruel, localizada a 200 quilômetros ao leste da capital Madri. As instalações do J-PAS, incluindo o telescópio com espelho de 2,5 metros de diâmetro, devem estar em funcionamento até 2014, e o trabalho de mapeamento deve durar de 5 a 6 anos. O investimento total é de US$40 milhões. “Pretende-se mapear uma área de 8.000 graus quadrados [medida do ângulo de visão que pode ser observado do céu], equivalente a um quinto de todo o céu, que tem cerca de 41.000 graus quadrados”, diz Abramo.
Pesquisadores brasileiros cuidam do design e da construção da câmera panorâmica do telescópio, com campo de visão de 3 graus quadrados. “Será uma das maiores câmeras do mundo, tanto no tamanho físico quanto na quantidade de dados das imagens, que terão 1,2 gigapixels, o equivalente a 250 câmeras digitais comuns”, aponta o professor. A câmera é formada por uma matriz de 14 sensores do tipo Charge-Coupled Device (CCD), cada um com capacidade de 90 megapixels. “As observações ópticas se servirão de filtros estreitos para medir um espectro de baixa resolução de tudo o que for observado pelo telescópio, o que dará uma precisão muito grande na posição espacial das galáxias”. O investimento necessário para desenvolver o equipamento é de US$ 6 milhões, financiados por diversas agências de fomento e instituições brasileiras, entre elas o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estados de São Paulo (Fapesp) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
O projeto envolve aproxidamente 70 pesquisadores de todo o mundo. Espanhóis e brasileiros coordenam o projeto, que também conta com a participação de cientistas de outros países, como Estados Unidos, Itália e Inglaterra. No Brasil, além do IF e do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, o projeto também envolve o Observatório Nacional (ON), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), entre outras.
Entre os dias 10 e 13 de setembro acontecerá um encontro da colaboração J-PAS no IAG, reunindo os pesquisadores envolvidos no projeto. No dia 12 de setembro está programado um workshop aberto para alunos de graduação, pós-graduação e o público em geral, em que será apresentado o J-PAS. O evento acontece a partir das 14 horas no auditório do IAG (Rua do Matão, 1.226, Cidade Universitária, São Paulo), com transmissão ao vivo pela internet na IPTV da USP.
Mais informações:  (11) 3091-6634; site www.j-pas.org/pt-br