Em terra de índio, quem tem luz e crédito é rei
quinta-feira, maio 14, 2009 | Author: Blog da redação
Por Michael Nuñez

Ao que me parece, os índios brasileiros ainda não se adaptaram bem às novas regras do mundo globalizado.

Em Miranda, a 194 quilômetros da capital Campo Grande (Mato Grosso do Sul), cerca de 1.700 índios guarani-terenas, da Aldeia Moreira, foram parar em um cadastro de inadimplentes do Serasa daquele estado. Motivo: não pagam suas respectivas contas de luz desde 2003.

A reportagem, que foi publicada em O Estado de São Paulo, revela que a dívida de cada índio com a Enersul, distribuidora de energia no Estado, chega a R$ 4 mil. Mas as más notícias não param por aí. Em razão do débito com a distribuidora, os mesmos também estão sem crédito no comércio da cidade.

Os índios alegam que têm direito à isenção no serviço de luz, segundo consta no relatório da Conferência Regional dos Povos Indígenas do Mato Grosso do Sul, promovida em 2005 pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Por outro lado, a Enersul avisou que faz do caso um "tratamento isonômico, como determina a legislação". Ou seja, todos são iguais perante a lei.

Pois é. Pra quem já foi massacrado pelos colonizadores centenas de anos atrás; pra quem já foi expulso de suas respectivas casas e terras no mesmo período; e pra quem, hoje, tem que pedir “por favor” para continuar sobrevivendo neste País – ter o nome constando no Serasa e não ter crédito na praça até que é “café pequeno”.

Tomara que o ex-cacique da aldeia, Narciso Vieira, não necessite tirar o cocar e a lança do armário para brigar pelos seus direitos.

Faltar com o crédito, tudo bem. Agora, faltar com o respeito já é demais.

“Em terra de índio, quem tem luz e crédito é rei”. Ditado atualizado em maio de 2009.

Até a próxima!