Estudo analisa atividade cerebral de médiuns na psicografia
terça-feira, novembro 27, 2012 | Author: Blog da redação
Por Da Redação - agenusp@usp.br

Julieta Magalhães, da Assessoria de Comunicação do Instituto de Psiquiatria
Uma pesquisa mundial envolvendo neuroimagem analisou o fluxo sanguíneo cerebral de médiuns brasileiros durante a prática da psicografia (em que “um espírito escreve através da mão do médium”). O estudo revelou resultados intrigantes quanto a menor atividade cerebral durante o estado dissociativo mediúnico e concomitante geração de complexos conteúdos escritos.

A avaliação neurocientífica revelou dados interessantes sobre estados mediúnicos
trabalho foi realizado por pesquisadores do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, da Universidade da Pensilvânia e da Universidade Thomas Jefferson, ambas nos Estados Unidos.
A pesquisa Neuroimagem durante o estado de transe: uma contribuição ao estudo da dissociação, foi publicada no dia 16 de novembro na PLOS ONE, renomado periódico científico de acesso público gratuito. O artigo está disponível neste link.  O estudo envolveu dez médiuns brasileiros com 15 a 47 anos de experiência mediúnica e aproximadamente 18 psicografias por mês, destros e com plena saúde mental.
Os participantes receberam um marcador radioativo para captar a atividade cerebral durante a escrita normal e durante a prática da psicografia em estado de transe. Os médiuns foram escaneados usando SPECT (tomografia computadorizada com emissão de fóton único) para destacar as áreas do cérebro que são ativas e inativas durante as respectivas tarefas.
Os pesquisadores observaram que, durante a psicografia, os médiuns experientes apresentaram níveis mais baixos de atividade nas áreas do cérebro associadas ao planejamento, raciocínio, geração de linguagem e solução de problemas (hipocampo esquerdo/sistema límbico, giro temporal superior direito e as regiões do lobo frontal do cingulado anterior esquerdo e giro direito precentral) em relação a escrita normal (sem transe mediúnico).
Os autores consideram que as áreas hipo-ativadas possivelmente refletiram a ausência de consciência durante a psicografia. Os médiuns menos experientes mostraram o oposto: aumento do fluxo sanguíneo cerebral nas mesmas áreas cerebrais durante a psicografia em comparação à escrita normal. A diferença foi significativa em comparação com os psicógrafos experientes. Este achado pode estar relacionado com a tentativa mais esforçada dos menos experientes na prática da psicografia.
As amostras de escrita produzidas foram analisadas e verificou-se que os textos psicografados foram mais complexos que os conteúdos produzidos no estado normal de vigília. Os conteúdos gerados durante as psicografias envolveram princípios éticos e espirituais e a importância da união entre ciência e espiritualidade. Em particular, os médiuns mais experientes apresentaram escores significativamente mais elevados de complexidade, o que normalmente exigiria mais atividade nos lobos frontais e temporais, e este não foi o caso. As áreas relacionadas ao planejamento mostraram menor atividade.
Expressão literária mediúnica
Várias hipóteses foram consideradas, uma delas é que como a atividade do lobo frontal diminui, as áreas do cérebro relacionadas à criatividade estão mais desinibidas (o que ocorre com o uso de álcool ou de drogas). De uma maneira semelhante, o desempenho da meditação e da improvisação musical estão associados com níveis mais baixos de atividade cerebral, que pode favorecer o relaxamento e a criatividade respectivamente. Porém, é importante notar que o consumo de álcool ou drogas, a meditação e a improvisação musical são estados bastante peculiares e distintos da psicografia. Portanto, não comparáveis diretamente com a expressão literária mediúnica. Os médiuns referem que “a autoria dos textos psicografados foi dos espíritos comunicantes e não pode ser atribuída a seus próprios cérebros” sendo assim esta hipótese plausível.
Segundo o primeiro autor do estudo, o psicólogo clínico e pesquisador do Programa Saúde, Espiritualidade e Religiosidade do IPq, Julio Peres, embora o motivo exato dos presentes resultados não seja conclusivo neste momento, esta primeira avaliação neurocientífica fornece dados interessantes sobre estados dissociativos mediúnicos alinhados a compreensão da mente e sua relação com o cérebro, e estes achados merecem futuras investigações, tanto em termos de replicação e hipóteses explicativas. Peres é doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia (IP) da USP.
Imagem: sxc.hu
Mais informações:  (11) 2661-7801, com Julieta Magalhães, na Assessoria de Imprensa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP
Sistema projeta fenômenos naturais em uma esfera
terça-feira, novembro 13, 2012 | Author: Blog da redação

Por Da Redação - agenusp@usp.br
Modelo gráfico pode representar desde correntes marítimas até um pouso em Marte
Com um toque em seu aplicativo para iPhone ou um controle de Nintendo Wii, o diretor do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, Michel Mahiques, faz começarem a girar projeções em um gigantesco globo de policarbonato, posicionado no centro de uma sala escura e recebendo imagens de quatro equipamentos localizados nos cantos da sala. As animações mostram como será o degelo na Terra até o ano de 2100, mas podem ser modificadas caso o professor vá até o computador e coloque outro modelo gráfico, como a movimentação das correntes marítimas, a temperatura dos oceanos ou da propagação das ondas do tsunami que atingiu o Japão em 2011. E não são só os assuntos “oceanográficos” que têm espaço. Os modelos podem representar explosões solares, pousos em Marte, locais de biodiversidade e até mesmo a migração de tartarugas marcadas com chips no Pacífico.
O sistema Science on a Sphere, responsável pelas animações, está desde abril de 2012 no Museu Oceanográfico, no IO. Desenvolvido pela Agência Americana de Oceanos e Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês), o globo é o primeiro do hemisfério sul e recebe atualizações diárias das bases de dados da Agência, que têm representações visuais. “Ao invés de projetá-las em uma superfície plana, as imagens vão para uma superfície que se assemelha ao formato do planeta”, explica a aparente simplicidade do que é, na verdade, o segredo do impacto visual gerado pelo sistema.
Graduação e pesquisa
A esfera, segundo Mahiques, além da aplicação para o próprio museu, pode ser utilizada para o ensino em nível de graduação. “Nós temos professores que hoje já ministram aulas na sala escura se utilizando das informações projetadas na esfera. Com isso, os alunos percebem melhor, por exemplo, as conexões que acontecem entre os oceanos”, aponta. Além disso, pesquisadores do IO já criaram seus primeiros modelos matemáticos próprios, a exemplo das bases enviadas pelo NOAA, para serem representados na esfera.
Pela diversidade de animações possíveis, a esfera tem potencial, também, para uso por outras unidades, como o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) ou o Instituto de Geociências (IGc) da USP. “As unidades podem utilizá-la tanto para estudar as bases de dados existentes quanto para criar seus próprios modelos”, comenta o professor. No momento, entretanto, o uso ainda é limitado. “Mas nós estamos sempre abertos. As unidades que quiserem, podem fazer uso do sistema”, ressalta.
Crianças que vão ao Museu Oceanográfio e vêem essas animações ficam impressionadas
Extensão
Um dos principais usos da esfera atualmente são as visitas promovidas por colégios e outras instituições de ensino. Pensando nisso, os monitores do Museu já têm animações pré-definidas para que os alunos vejam. “Nós falamos principalmente de mudanças climáticas, que é um assunto importante e atual”, diz o professor. “As crianças vêem essas animações e ficam impressionadas”.
Uma outra possibilidade cogitada pelo IO, segundo o professor, é disponibilizar o globo para professores de colégios, que poderiam utilizá-las para dar aulas específicas para seus alunos, como do movimento de placas tectônicas.
Além das animações, o sistema também apresenta narrações explicativas conforme as imagens aparecem na esfera. O problema, entretanto, é que as bases de dados são americanas e as narrações são em inglês. Mas o IO pretende realizar a tradução destes textos para o português. “É trabalhoso realizar a tradução de cerca de 500 textos e depois narrá-los, mas é possível fazer, então é um passo que nós poderemos dar”, declara.
Imagens Marcos Santos / USP Imagens
Mais informações:  (11) 3091-6609 ou email mahiques@usp.br, com o Michel Mahiques