Simulador veicular avalia os reflexos dos motoristas
quinta-feira, janeiro 31, 2013 | Author: Blog da redação

Da Assessoria de Imprensa da Poli – erika@academica.jor.br
Pesquisa da Escola Politécnica (Poli) da USP criou o protótipo de um simulador veicular que avalia o tempo de reação de motoristas em situações de um potencial acidente de trânsito. O Simulador de Tempo de Reação em Condutores (Sitrec) foi projetado e construído para ser compacto e ter baixo custo, de modo que possa ser reproduzido facilmente por outras instituições de ensino e pesquisa.
Simulador reproduz ambiente da cabine de veículo durante condução no trânsito
O projeto foi desenvolvido pelos alunos de graduação Gabriel Silva e Sérgio Lopes Júnior, do curso de Engenharia Mecatrônica da Poli, que se formaram em 2012 e desenvolveram seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) usando como tema o Sitrec. Também participou o estudante Raphael Francis David, do 3º ano de Engenharia Mecânica, realizando sua Iniciação Científica. A orientação foi do professor Nicola Getschko, do Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos da Poli.
Getshcko explica que o projeto teve um forte enfoque aplicativo ao construir um protótipo que pudesse disponibilizado como produto. “A pesquisa criou um simulador com custo inferior aos modelos existentes no mercado, cujo preço é superior a US$100 mil, o que limita a sua utilização”, aponta o professor. “A tecnologia desenvolvida proporciona uma medição bastante confiável e poderá ser adotada também no treinamento de motoristas e em testes para renovação de carteira de habilitação.”
O protótipo de simulador possui 1,6 metro (m) de altura, 0,9 m de largura e 1,8 m de comprimento.  Ele reproduz, de maneira representativa, o ambiente da cabine de um automóvel em situações de condução no trânsito. Um monitor de TV de LED de 32 polegadas apresenta imagens que simulam a visão que o condutor tem do pára-brisa do veículo. O sistema mede quantos milésimos de segundo o motorista leva entre perceber visualmente uma situação de potencial perigo, até o acionamento do freio ou o giro da direção para evitar o acidente. Com os resultados das medições, foi possível avaliar influência de fatores como uso de celular, digitação de mensagem de texto ao telefone, idade, sexo e estado físico sobre o reflexo do motorista ao conduzir o veículo.
Resultados
Os alunos avaliaram possíveis soluções para o projeto de um simulador de baixo custo a partir de pesquisas sobre as principais causas de acidentes de trânsito, estudos ergonômicos, dados estatísticos, e da avaliação de outros simuladores já existentes. Foi elaborado, então, o projeto executivo do simulador, seguido da construção do protótipo, que foi testado inicialmente por um grupo de controle para a implantação de correções e sugestões feitas pelos próprios usuários. Depois de implementadas as melhorias, foi realizada uma nova etapa de testes mais amplos e a análise dos resultados.
Tecnologia poderá ser adotada em testes para renovação de habilitação
O protótipo mostrou-se viável tanto do ponto de vista técnico como financeiro, com um preço estimado entre R$15 mil e  R$20 mil (de US$8,5 mil a US$10 mil), como também nos aspectos de criação de um ambiente “realista” e ergonômico para o condutor, explica o orientador do projeto. O Sitrec poderá ser uma ferramenta muito útil, e de baixo custo, para estudo da influência de diversos fatores que podem afetar a capacidade e o tempo de reação de condutores de veículos, de maneira qualitativa e quantitativa, além da possibilidade de sua utilização em treinamentos e avaliações físicas, tendo em vista a evolução prevista do projeto.
De acordo com o professor da Poli, o preço da construção do simulador poderá ser reduzido em até 30% se ele for produzido em grande escala. “O protótipo já foi validado e agora serão realizadas novas pesquisas no sentido de aprimorar a sensação de realidade para o usuário, com aperfeiçoamento da movimentação de imagens e dos sons produzidos pelo sistema”, planeja. “A meta é tornar a simulação mais próxima as situações de condução no trânsito real.”
Há grande preocupação com a redução do número de acidentes de trânsito no Brasil, porém muitas das iniciativas no sentido de criar normas e leis para que isto ocorra carecem de um melhor embasamento científico, que permita atuar realmente sobre os fatores podem causar esta diminuição. Muitas vezes, a falta de uma tecnologia acessível que possa auxiliar as autoridades neste sentido impede que se proponham políticas públicas mais eficazes.
Foto: Divulgação
Cooperação científica traz avanços para tratar leucemia
terça-feira, janeiro 22, 2013 | Author: Blog da redação

Da Assessoria de Comunicação do Hemocentro de Ribeirão Preto –tatiana@rspress.com.br
Estudo de consórcio internacional de cientistas mostra que, por meio do networking e da educação médica, é possível obter resultados promissores e, sobretudo, semelhantes, no âmbito do resultado terapêutico e da qualidade dos cuidados empreendidos em casos da onco-hematologia. O Consórcio Internacional da leucemia promielocítica aguda (LPA) conseguiu reduzir em quase 50% a mortalidade precoce em pacientes com a doença em países em desenvolvimento, em comparação com as nações desenvolvidas. O estudo é coordenado no Brasil pelo médico hematologista Eduardo Rego, do Centro de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto (CTC-HRP), ligado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP.
Controle de casos e sobrevida dos pacientes tiveram melhoras operacionais
A LPA, doença-alvo da pesquisa, apresenta elevado índice de mortalidade precoce, mas tem bom prognóstico se detectada e tratada em fase inicial. Rego explica que o estudo também obteve uma melhoria operacional nos controles de casos, resultando em sobrevida e sobrevida livre da doença semelhante aos relatados em países desenvolvidos.
Outras seis instituições brasileiras de referência participam do Consórcio: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, Fundação Hemope (Pernambuco); Universidades Federais de São Paulo (Unifesp), do Paraná (UFPR) , Minas Gerais (UFMG) e Rio Grande do Sul (UFRGS). Completam a lista México, Chile e Uruguai, além de instituições dos Estados Unidos e Europa.
No período de junho de 2006 a setembro de 2010, foram acompanhados um total de 183 pacientes, sendo 122 do Brasil, 30 do México, 23 do Chile e oito do Uruguai. Em novembro de 2011, o prontuário foi atualizado. Destes, 153 (85%) atingiram remissão completa; 27 (15%) morreram até o 30º dia de tratamento (precoce), entre o diagnóstico e a primeira avaliação morfológica da medula óssea; sendo 9 casos com óbito na primeira semana. As causas principais das mortes foram hemorragia (48,1%), infecção (25,9%) e síndromes diferenciadas (18,5%).
“Uma das características dessa doença é a elevada mortalidade nos primeiros dias após o diagnóstico. Pesquisa realizada em 10 centros brasileiros, antes da formação do consórcio, observou que tal mortalidade girava acima de 30%. Com a experiência e a estratégia adotada pelo Consórcio essa taxa caiu pela metade. Verificamos ser possível chegar a uma taxa de sobrevida de 80%”, afirma Rego.
Terapia
Outro aspecto apontado pelos pesquisadores no resultado é o fato de a maioria das mortes durante a indução serem causadas por hemorragia, portanto é a coagulopatia associada à LPA que deve ser apontada como efeito tardio em programas de educação médica, pois pode ser combatida com a administração precoce do ácido all-trans-retinóico (ATRA) e quimioterapia, que utiliza uma classe de drogas denominada “antracíclicos”.
Existem diversos tipos dessa substância, entretanto o mais utilizado no exterior é a idarurrubicina, de elevado custo. O estudo mostrou que outra droga da mesma classe – a daunorrubicina, de menor custo e mais facilmente encontrada no mercado brasileiro – pode alcançar os mesmos resultados. “Foi uma demonstração muito clara em nossa pesquisa. Estabelecemos parâmetros entre os dois medicamentos”, aponta Rego. O especialista explica que os pacientes do consórcio usaram daunorrubicina e os resultados em termos de remissão completa foram extremamente semelhantes ao uso de idarrubicina, aplicada, por exemplo, no protocolo espanhol, Programa para el Estudio de la Terapéutica en Hemopatía Maligna (PETHEMA).
Como a leucemia promielocitica aguda está sempre associada a alguma lesão cromossômica específica que envolva os cromossomos 15 e 17, é possível detectar um gene anômalo, formado exatamente pela fusão destes dois pontos de quebra na célula da leucemia. Com isso, é possível monitorar o tamanho da massa tumoral, utilizando-se métodos, por exemplo, de reação em cadeia de polimerase (PCR), tanto qualitativo quanto quantitativo.
“A partir deste método, conseguimos mostrar que o melhor momento para avaliarmos a resposta ao tratamento é após a segunda fase da quimioterapia (fase de consolidação – sendo a primeira a fase de indução e, a terceira, a de manutenção). Observamos que os resultados positivos após a fase de indução não previam a recaída do paciente, ao passo que resultados positivos após a fase de consolidação mostravam isso. Além disso, demonstramos, em alguns poucos casos de má evolução, a possibilidade de detectar a alteração molecular antes da recaída clínica. Com isso, conseguimos instituir o tratamento antes mesmo de o paciente ter uma franca recaída da doença”, expõe Rego.
O estudo Improving acute promyelocytic leukemia (APL) outcome in developing countries through networking, results of the International Consortium on APL foi publicado nesta semana na revista Blood, periódico científico de referência mundial na especialidade da Sociedade Americana de Hematologia (ASH, na sigla em inglês). Segundo Rego, que também é membro da diretoria da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH),  o Consórcio Internacional da LPA foi criado com o objetivo de estabelecer uma rede entre países em desenvolvimento que pudessem trocar experiências e dados de seus pacientes, e receber apoio de grupos de referência da Europa e Estados Unidos. O fomento do estudo foi exclusivamente de iniciativa pública. No Brasil, o financiamento foi provido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Foto: Marcos Santos / USP Imagens