Madeira, o pioneiro esquecido, foi mesmo importante?
quinta-feira, maio 20, 2010 | Author: Blog da redação
Por Roberto Lopes

Investigadores da história de Ubatuba – balneário do litoral norte paulista -- e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, não se esquecem dele. Mas biógrafos de Alberto Santos Dumont – considerado o “Pai da Aviação” --, e pesquisadores da indústria aeronáutica brasileira insistem em ignorar o trabalho científico do ubatubense Gastão Madeira, nascido em 20 de junho de 1869 – exatos quatro anos antes de Santos Dumont (que é de julho de 1873).
Neto de um joalheiro francês que emigrara para o Brasil, Santos Dumont nasceu em berço de ouro, e seguiu ainda jovem (18 anos) com a família para Paris. Gastão – filho do dr. Joaquim José Lázaro Madeira e de dona Maria Angélica – era de família humilde. Em 1891, enquanto Santos Dumont viajava para a Europa, ele ainda tentava imaginar – sem muitos resultados práticos -- quais eram os fatores que garantiam sustentabilidade aos pássaros no ar.
Aos quatorze anos Gastão Madeira começou a observar os deslocamentos das aves, com o objetivo de descobrir se, durante o vôo planado, o centro de gravidade dos animais era, ou não, deslocado, de modo a fazer com que o fator peso pudesse atuar como elemento propulsor. Madeira chegou a estudar uma teoria que pudesse explicar a suspensão do corpo no ar, bem como o deslocamento das espécies no espaço. Suas pesquisas impressionaram, pela criatividade, algumas das figuras mais renomadas da engenharia brasileira à época: entre eles, Paulo de Frontin, Carlos Sampaio e Álvaro Rodovalho Marcondes dos Reis.
Tendo publicado no "Correio Paulistano", em 1892, um longo artigo sobre os seus trabalhos, Madeira encerrou as suas investigações acerca do vôo dos pássaros, para dedicar-se às etapas subseqüentes de sua pesquisa: o planador, o dirigível e o aeroplano.
Uma das contribuições mais notáveis de Madeira à indústria aeronáutica brasileira, foi seu estudo sobre a estabilidade dinâmica dos aeroplanos. Para tanto ele construiu pequenos aparelhos de madeira, que foram apresentados aos professores da Escola Politécnica de São Paulo. As conclusões desses mestres foram levadas ao então presidente do Estado paulista, Altino Arantes. Os estudos também tiveram forte repercussão no Congresso Estadual, que aprovou um pequeno auxílio para que o pesquisador de Ubatuba continuasse seu trabalho na Europa.
Em 1914 Gastão Madeira embarca para uma estadia de três anos na França. Não obstante as perturbações acarretadas pela Grande Guerra, o estudioso ubatubense se reúne com técnicos da engenharia aeronáutica francesa.
Em 1940, aos 71 anos, Madeira patenteou um novo tipo de hélices para aeroplanos, hidroplanos e dirigíveis.
Ele morreu em 1942, e ainda hoje permanece praticamente desconhecido dos historiadores. O mesmo acontecendo com o conjunto de suas pesquisas, jamais avaliadas do ponto de vista técnico, para que se pudesse concluir pela real importância desse ubatubense para o desenvolvimento dos aviões.
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