Russos ampliam parceria com o Brasil na área espacial
quinta-feira, fevereiro 04, 2010 | Author: Blog da redação
Por Roberto Lopes

Projeto impensável até 20 anos atrás, quando os planos da Aeronáutica brasileira no campo espacial eram vigiados – e criticados – de perto pelos Estados Unidos, a cooperação da Rússia com o Brasil no setor já é tratada às claras, e está até se expandindo.
O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) confirmou: o Instituto de Aviação de Moscou está apoiando a formação dos 40 especialistas nacionais que, no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em São José dos Campos (SP), estudam as técnicas de propulsão líquida para foguetes. Eles devem completar seus cursos até o fim de 2012, somando-se a outros 40 profissionais já diplomados nessa área.
Instrumentada por misturas à base de querosene especial, oxigênio líquido e álcool, a propulsão líquida confere um empuxo muito maior aos engenhos especiais. O problema é que seus componentes resultam em produtos muito mais instáveis do que o chamado combustível sólido – usado intensivamente pela Força Aérea Brasileira e algumas empresas privadas, como a Avibras Indústria Aeroespacial (também em São José dos Campos), que fornece foguetes militares do tipo terra-terra (lançados de um veículo blindado em terra para atingir alvos em terra).
Em outra vertente dessa parceria, a companhia russa Space Rocket Center Makeyev prestou consultoria técnica à elaboração do projeto básico da nova Torre Móvel de Integração que está sendo erguida em Alcântara, no Maranhão, para lançar o Veículo Lançador de Satélites brasileiro – mais conhecido pela sigla VLS.
Os russos sugeriram mudanças nos sistemas de segurança da torre. As mudanças permitiram adaptar o projeto às normas internacionais. A mesma empresa também foi contratada pela Aeronáutica para dar suporte técnico ao projeto do VLS na parte de segurança e confiabilidade, um contrato estimado em cerca de R$ 3,5 milhões.
A nova torre, de 33 metros de altura e 330 toneladas de peso, substituirá a que foi completamente destruída na explosão de um foguete VLS em agosto de 2003 – episódio em que morreram 21 técnicos civis e militares do Brasil. As principais modificações estão relacionadas aos ambientes pressurizados e às saídas de emergência escape para o caso de acidentes. Em uma situação dessas, as pessoas que estiverem trabalhando no local terão mais condições de sobreviver. Elas poderão sair por um túnel subterrâneo, e ficar abrigadas de forma segura durante vários dias. Todo o sistema também terá proteção térmica para suportar altas temperaturas.
O projeto assessorado pelos russos envolve a construção de uma torre móvel, mesa de lançamento, torre de umbelicais (cabos que são conectados ao foguete), túnel e torre de escape, bem como uma série de equipamentos indispensáveis ao seu funcionamento: sistemas elétricos, de climatização, detecção, alarme e combate a incêndio, rede de gerenciamento, circuito fechado de TV, sala de interface e casa de equipamentos de apoio.
A expectativa da Agência Espacial Brasileira é que a torre esteja pronta para iniciar os primeiros lançamentos até dezembro de 2010. A estrutura atenderá não só ao VLS, mas também aos programas de lançamento do foguete ucraniano Ciclone 4.
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