Eixo Afeganistão-Paquistão consumirá esforço adicional da Cruz Vermelha em 2010
terça-feira, dezembro 15, 2009 | Author: Blog da redação
Por Roberto Lopes

A imagem, não há como escapar, é a do saco sem fundo.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) vai gastar, ano que vem, um orçamento 7 % maior que o de 2009 em assistência médica, e praticamente tudo será absorvido pelas necessidades crescentes de assistência às populações do Afeganistão e do Paquistão – países convulsionados por diversos grupos guerrilheiros, entre os quais o talibã e a Al Qaeda.
Relatório divulgado no início do mês, em Genebra, apresenta como prioridades: (a) ampliar a capacidade dos hospitais de campanha no Paquistão; (b) melhorar o acesso dos necessitados ao atendimento primário (saúde básica) e aos primeiros socorros; (c) aumentar a ajuda aos centros ortopédicos (que acolhem mutilados por minas terrestres) em países como o Afeganistão; e (d) consolidar a prestação de serviços primários de saúde em favor de pessoas prisioneiras.
A Cruz Vermelha Internacional tem 12 mil funcionários que trabalham em 80 países. Do seu orçamento de 1,1 bilhão de francos suíços (cerca de 2 bilhões de reais) previsto para 2010, pelo menos 983 milhões de francos serão consumidos no atendimento de campo. O Afeganistão será, em princípio, a maior operação humanitária do CICV: 86 milhões de francos suíços --aumento de 18% comparado ao orçamento inicial de 2009 – que servirão ao trabalho de 1.500 médicos, enfermeiros e elementos dos serviços de apoio. O Iraque consumirá verba quase igual: 85 milhões de francos suíços; e o Sudão, 76 milhões de francos suíços.
Em 2008 a Cruz Vermelha atendeu cerca de 3,5 milhões de pessoas nos seus centros de saúde. Somente em 21 países foram realizadas mais de 108 mil cirurgias.
Uma análise da Diretoria de Operações da entidade mostrou dados alarmantes. Primeiro: na maior parte dos países em que o CICV opera, sua presença tem se revelado necessária há 20, 30 ou mesmo 40 anos – o que significa dizer que essas nações não tem conseguido resolver seus problemas de guerras e de insuficiência na prestação dos serviços básicos de saúde. Os cenários mais dramáticos, nesse caso, são os do Oriente Médio e da África.
Característica de várias situações de conflito é a combinação de um Estado frágil, com infraestrutura em colapso e conflitos internos, misturados a atores movidos por metas políticas e apoiados por grupos criminosos. A esse coquetel explosivo somam-se circunstâncias amplamente desfavoráveis, como degradação ambiental, seca, enchentes e pandemias. O resultado final: populações inteiras extremamente vulneráveis.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha está convencido de que o conflito no Afeganistão está se expandindo e se intensificando. A entidade opera no país há 30 anos, e nunca enfrentou tantos riscos como agora. As rotas de deslocamento das suas equipes são comunicadas de forma ampla às forças internacionais de segurança, ao Exército afegão e à guerrilha talibã, mas isso não tem resultado em maior segurança para as suas atividades.
Há, contudo, vitórias pontuais de importância indiscutível. Em 2007 a Cruz Vermelha conseguiu que equipes do Ministério da Saúde afegão e da Organização Mundial de Saúde fizessem uma campanha de vacinação contra a poliomielite no interior do país.
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